País cria vagas com carteira, mas ainda é pouco para derrubar o desemprego
O saldo de vagas com carteira assinada, em agosto, acima das projeções dos especialistas, é um sinal positivo. Foi o melhor agosto, em números absolutos, desde 2013 –antes, portanto, do início da recessão, em 2014. O volume de vagas acumuladas de janeiro a agosto deste ano foi o melhor desde 2014.
Mas os dados de agosto não permitem concluir que a absorção do exército de desempregados e subutilizados existente, a partir de agora, ganhará mais velocidade. Em primeiro lugar, porque indicadores em bases mensais são naturalmente instáveis e não costumam conter elementos capazes de indicar tendências mais duradouras.
No caso dos números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), a volatilidade é ainda maior. Isso porque os resultados refletem informações fornecidas pelas empresas, havendo atrasos e lacunas na entrega dos formulários.
Também a eliminação dos efeitos sazonais é relevante no caso dos números do Caged. Feitos, então, os ajustes sazonais, os números do mercado de trabalho com carteira assinada, em agosto, revelam um quadro de relativa estagnação. O total ajustado apontou saldo positivo de 48,7 mil novas vagas (contra 50,4 mil vagas em julho).
No acumulado do ano –uma indicação que consegue eliminar, em parte, a volatilidade da informação mensal–, a criação de 593,5 mil postos de trabalho não é significativamente superior aos 568,5 mil no mesmo período de 2018. Nos últimos 12 meses, foram abertas 530,4 mil novas vagas.
"O saldo no acumulado do ano, até agosto, reforça a expectativa de que o saldo de 2019 será semelhante ao de 2018, em torno de 500 mil novas contratações", disse o economista Bruno Ottoni, pesquisador do Ibre/FGV, professor da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e especialista em economia do trabalho da consultoria IDados. "É um número insuficiente diante da situação do mercado de trabalho."
Embora as perspectivas para o mercado de trabalho em 2019 sejam de melhora moderada, em linha com um crescimento da economia abaixo de 1%, há, segundo Ottoni, sinais mais positivos para 2020. Ele destaca o setor da construção civil, que contratou, entre janeiro e agosto, 90 mil trabalhadores com carteira assinada, mais de 50% acima do número de 2018.
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