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José Paulo Kupfer

Riqueza global desacelera, mas mundo terá mais milionários até 2023

José Paulo Kupfer

02/10/2019 04h00

O crescimento da riqueza financeira global enfrentou uma forte freada em 2018, mas, mesmo sem retomar o ritmo de alta do período 2013-2018, voltará a aumentar até 2023. Nos próximos quatro anos, apesar da expansão mais moderada no patrimônio financeiro dos indivíduos, o número de milionários no mundo será 25% maior do que era em 2018.

Essas projeções são de um estudo anual realizado pelo Boston Consulting Group (BCG), uma das maiores consultorias de negócios no mundo. O trabalho coletou informações em 97 países, que respondem por 98% da economia mundial. Também foram entrevistados mais de 150 gestores de patrimônio em diferentes praças financeiras.

Depois de avançar 7,5%, em 2017, quando atingiu US$ 202,7 trilhões, o total da riqueza mundial em ativos financeiros cresceu 1,6%, em 2018, subindo para US$ 205,9 trilhões, o equivalente a duas vezes e meia toda a produção mundial em um ano. A redução no ritmo de expansão fica evidente quando se compara com o crescimento observado entre 2013 e 2017, período em que a riqueza financeira global registrou, em média, alta de 6,2% ao ano.

Metade desse volume de recursos, no ano passado, ficou na mão de 22 milhões de pessoas. Esse contingente, que representa menos de 0,3% da população mundial, cujo patrimônio financeiro supera US$ 1 milhão. A riqueza financeira considerada envolve a posse de ações de empresas, inclusive de capital fechado, fundos de investimentos e de previdência, moedas, depósitos, títulos em geral e seguros.

A concentração de renda regional também é acentuada entre os milionários. Quase 70% das pessoas com patrimônio financeiro acima de US$ 1 milhão residem nos Estados Unidos. Outros 13% estão na Europa ocidental e 10%, na Ásia (excetuado o Japão), com destaque para a China.

Na América Latina, os milionários formam um grupo de 200 mil pessoas. Eles detêm ativos financeiros no montante de US$ 5,2 trilhões, com projeção para avançar a US$ 7,7 trilhões, em 2023. Atualmente, pouco mais de 60% do total pertence a residentes no Brasil e no México.

Mesmo num cenário com previsão de menor crescimento econômico mundial, o BCG projeta, para os próximos anos, um aumento do número de milionários. Em 2023, eles somariam 27,6 milhões de pessoas. Nesse meio tempo, a concentração de renda dentro do grupo dos mais ricos também tenderia a aumentar.

As duas faixas mais altas — pessoas com patrimônio financeiro acima de US$ 100 milhões e riqueza entre US$ 20 milhões e US$ 100 milhões — seriam as que apresentariam maior crescimento, até 2023. A primeira, com expansão acima de 7,5% ao ano, e a outra evoluindo a um ritmo de 8,5% ao ano.

Haveria espaço para o ingresso de novos milionários no clube dos mais ricos. O estudo do BCG chama a atenção para o grupo dos "afluentes", pessoas com ativos financeiros entre US$ 250 mil e US$ 1 milhão, que cresceu, em média, 3,8% ao ano, entre 2013 e 2018. Atualmente, os "afluentes" detêm 16,2% da riqueza financeira total. O estudo estima que os "afluentes" somam 76 milhões de pessoas, com potencial para crescer cerca de 25% até 2023, chegando a 92 milhões de indivíduos.

 

Sobre o Autor

Jornalista profissional desde 1967, foi repórter, redator e exerceu cargos de chefia, ao longo de uma carreira de mais de 50 anos, nas principais publicações de São Paulo e Rio de Janeiro. Eleito “Jornalista Econômico de 2015” pelo Conselho Regional de Economia de São Paulo/Ordem dos Economistas do Brasil, é graduado em economia pela FEA-USP e integra o Grupo de Conjuntura da Fipe-USP. É colunista de economia desde 1999, com passagens pelos jornais Gazeta Mercantil, Estado de S. Paulo e O Globo e sites NoMinimo, iG e Poder 360.

Sobre o Blog

Análises e contextualizações para entender o dia a dia da economia e das políticas econômicas, bem como seus impactos sobre o cotidiano das pessoas, sempre com um olhar independente, social e crítico. Finanças pessoais e outros temas de interesse geral fazem parte do pacote.